As 14 chaves do modelo de gestão de manutenção

Com a crescente complexidade tecnológica dos processos de produção e logísticos, aumenta a influência da manutenção nos resultados empresariais

Em muitas empresas, a área da manutenção costuma apoiar outras consideradas mais importantes, como a da produção, de forma que não lhe é dedicada toda a atenção que merece. José Luis Sánchez Castellví, consultor especialista da Festo, assinala que a manutenção é o que garante o bom funcionamento das máquinas e das instalações. Os processos de produção e logísticos apoiam cada vez mais a tecnologia e isso requer uma maior manutenção. Ou seja, a área da manutenção tem influência direta nos resultados da nossa empresa.

É comum que as tarefas de manutenção se dediquem maioritariamente à reparação de avarias, quando era necessário dar muito mais atenção às formas de antecipar esses problemas. O facto de passar a maior parte do tempo a reparar máquinas é o resultado de uma manutenção, e afeta negativamente a produtividade.

O objetivo da manutenção é evitar as avarias, por isso a maior parte dos recursos do departamento devem destinar-se a controlar, analisar e melhorar os sistemas de forma a minimizar as paragens de linha e eliminar as ineficiências da instalação. Desta maneira, alcançamos os melhores resultados ao menor custo.

Os objetivos da manutenção estão intimamente ligados aos objetivos da nossa fábrica industrial. Uma boa manutenção tem repercussão:

  • Numa maior capacidade de produção.
  • Na redução dos preços dos produtos.
  • Numa maior qualidade na produção.
  • Numa maior capacidade de resposta aos clientes.
  • Num melhor clima laboral.
  • Numa maior segurança.
  • No menor impacto ambiental dos processos de produção.

O modelo Festo para a gestão da manutenção

No momento de implantar um modelo de gestão eficiente da manutenção, na Festo consideramos 14 aspetos fundamentais.

1. Objetivo, plano e comunicação

Determinar o alcance da manutenção, que instalações, processos e elementos vão compor o seu âmbito de atuação.

  • Objetivos: devem sincronizar-se com a estratégia de operações da empresa.
  • Plano de ação: é preciso selecionar entre os 14 pontos aqueles que vão ser aplicados e em que ordem, definir fases e prazos.
  • Comunicação: é necessário comunicar o projeto a todos os implicados para conseguir a máxima implicação.

2. Equipamentos e instalações

  • Definir os critérios na seleção e classificação dos equipamentos.
  • Construir a árvore dos equipamentos, como se estruturam, tendo em conta que não é necessário um inventário exaustivo, só dos elementos relevantes.
  • Criar o sistema de codificação dos equipamentos.
  • Etiquetar cada equipamento com o respetivo código e criticidade.
  • Definir a ficha técnica de cada equipamento, as respetivas instruções de uso e os indicadores que nos ajudarão a avaliá-los

3. Processos de manutenção

Os processos e a documentação necessários devem ser estabelecidos para realizar tanto a manutenção corretiva como a preventiva: classificação de avarias; partes da avaria, de reparação, de revisão e de reparação preventiva; instruções de manutenção corretiva e preventiva; plano de manutenção preventiva; histórico de avarias e de intervenções que nos permitirá, por um lado, atualizar e melhorar as instruções de uso e, pelo outro, obter indicadores para otimizar as tarefas de manutenção e os projetos de melhoria.

4. Gestão de peças sobresselentes e consumíveis

Sem uma boa gestão das peças sobresselentes, é impossível atingir uma manutenção eficiente. Por isso, é preciso considerar:

  • A classificação das peças sobresselentes e consumíveis.
  • A respetiva identificação e codificação.
  • Política de stock corretivo, preventivo e de melhoria.
  • Organização do armazém de peças sobresselentes e consumíveis.
  • Definição dos processos administrativos para a gestão do armazém.

5. Pontos chave e KPIs

  • Pontos chave: identificamos os pontos críticos, aqueles que têm influência nos processos de produção principais.
  • Garantir a cobertura: definimos os procedimentos adicionais que permitirão gerir de forma correta os pontos chave identificados previamente e garantir a cobertura destes.
  • KPIs: estabelecemos o quadro dos indicadores de manutenção, que inclui processos, equipamentos e pessoas.

6. Organigrama de manutenção e níveis de intervenção

Todos os processos incluídos na área da manutenção devem contar com responsáveis e executores, de forma que é necessário determinar um organigrama específico e a sua posição dentro do organigrama geral da organização, a descrição de cada um dos postos e os níveis de intervenção.

7. A manutenção dos recursos-humanos

A partir das descrições dos postos necessários, estudamos as competências da equipa para conseguir o nível de polivalência desejado e desenvolver um plano de formação e capacitação. É recomendável definir um sistema de avaliação e seguimento da equipa envolvida na manutenção.

8. Oficina de manutenção e armazém de peças sobresselentes e consumíveis

As instalações envolvidas na área da manutenção irão organizar-se de maneira eficiente para evitar problemas na produtividade e otimizar os custos. Há que ter em conta a construção da oficina de manutenção, a organização do material no armazém específico ou a implementação das 5S, a gestão visual e a organização dos postos de trabalho.

9. Manutenção autónoma

Cada membro da equipa de produção deve conhecer as máquinas com as quais trabalha e ser capaz de desempenhar os trabalhos de manutenção autónoma inerentes ao seu posto. Por isso, é necessário estabelecer um plano de implantação.

10. Kaizen e resolução de problemas

A melhoria contínua ou Kaizen é aplicável não apenas a tarefas de produção, mas também a trabalhos de manutenção. Cada membro da equipa pode detetar problemas, oportunidades de melhoria e implementar soluções. Desta forma, é muito importante formar equipas multidisciplinares com pessoas de áreas diferentes.

11. GMAO e ferramentas tecnológicas

  • GMAO: plataforma para digitalizar a gestão da manutenção, com a finalidade de reduzir os tempos e os custos.
  • Sistema de comunicação entre as áreas de produção e manutenção para agilizar a gestão das intervenções corretivas.
  • Realidade aumentada: tecnologia para auxiliar a equipa nos trabalhos de reparação e revisão.
  • Realidade virtual para capacitar a equipa.
  • Monitorização de máquinas para obter dados valiosos na sua análise posterior.

12. Manutenção preditiva

A manutenção preditiva permite otimizar o plano de manutenção preditiva e reduzir a corretiva, com a consequente redução de gastos e melhoria do rendimento das equipas. Contempla:

  • Seleção dos pontos do processo produtivo, onde aplicá-lo.
  • Definir as variáveis a medir em cada ponto selecionado.
  • Implantar a tecnologia mais adequada para medir e guardar os dados.
  • Utilização de técnicas e ferramentas de análise de dados.

13. Manutenção de melhoria

Este tipo de manutenção permite passar de melhorias graduais a outras de maior escala. Há que fazê-lo de maneira planificada, instruindo a equipa implicada nos fundamentos para a gestão do ciclo de vida do equipamento e dos seus projetos de melhoria.

14. Monitoring

Quando o modelo de gestão de manutenção está em marcha, é necessário realizar o seu seguimento, tendo em conta as pessoas, os processos e os resultados. Desta forma, detetaremos possíveis desvios.

Visão geral