A empresa Nutai acaba de cumprir 25 anos e, nesta considerável caminhada empresaria, converteu-se numa referência para o setor da automação. Tudo partiu da iniciativa de dois engenheiros técnicos industriais recém licenciados que, em 1995, intuíram que o futuro estava na implantação das tecnologias mais avançadas no setor industrial. E acertaram. Hoje, Nutai é integrante oficial de Universal Robots e acaba de finalizar um projeto com a Festo para melhorar as funcionalidades destes robôs colaborativos.
A partir de Silla, no sul de Valência, Nutai serve os seus clientes em toda a Europa, entre os quais estão a Ford, a Renault ou a Seat-Volkswagen. Em 2016, introduziu o primeiro robô colaborativo nas instalações da Ford em Almussafes, situada a cerca de 5 km da sua sede.
“Trabalhamos com fornecedores de primeiro nível, como a Festo e a Universal Robots, para conseguir um Business to Business. Assim, fortalecemo-nos mutuamente e entre todos podemos obter grandes resultados”, assinala o gerente da Nutai, Enrique Vacas.
Nutai concluiu recentemente um projeto de ampliação das funcionalidades dos robôs colaborativos da Universal Robots com tecnologia da Festo. O objetivo consistiu em integrar até quatro eixos no robô, conseguindo que o controlo direto destes eixos seja feito a partir da interface do mesmo robô. “Isto significa que, a partir desta interface, podemos manusear, configurar e programar qualquer aplicação que precise do eixo da Festo”, explica Maxi Megías, responsável pelo departamento de I+D.
Esta integração responde a uma finalidade muito concreta. Até agora, em determinadas aplicações, para mover uma peça de uma ponta a outra num percurso de 8,5 m, era preciso ter um robô com esse alcance e de determinadas dimensões, embora a peça a mover fosse de 3 ou 4 kg e não fosse necessário um robô tão grande para esse peso.
“Com a solução do MultiAxis Drive Controller -destaca o responsável por I+D da Nutai- podemos colocar um robô mais pequeno. Para além disso, ao realizar o controlo a partir de uma única interface não é preciso instalar um PLC, uma HMI ou um PLC de segurança externos. Com isso, poupa-se espaço, ganha-se em flexibilidade e reduzem-se os custos”. Esta solução permite a poupança no número de robôs de pequenas dimensões para vários postos de trabalhos, porque com os eixos da Festo ganhamos mobilidade para poder trabalhar em locais diferentes.
O utilizador final tem muitas vantagens. Por exemplo, encontra-se diante de um aparelho fácil de usar que pode manusear a partir da interface do robô da Universal Robots sem precisar conhecer a configuração do produto da Festo. Desta forma, dispõe de uma solução limpa e compacta, com menos elementos, o que implica menos avarias e custos de manutenção.
“Os três aspetos que nos incentivaram do projeto da Nutai são a colaboração tecnológica, a integração de sistemas e, sobretudo, a ideia de uma única interface que simplifica o trabalho dos clientes”, afirma Xavier Segura, Direção Geral da Festo Espanha e Portugal.
A ideia original deste projeto partiu do responsável pelo departamento de I+D da Nutai. “Ao propô-la à Festo, deparamo-nos com um apoio incondicional desde a gerência até ao departamento técnico e comercial. Sem dúvida, isso marcou positivamente o trabalho de colaboração do início ao fim”, assegura Enrique Vacas.
O desenvolvimento exigiu a implicação de uma equipa de 6 profissionais da Nutai e da Festo. A experiência da Nutai com o produto da Universal Robots, na sua condição de integradores, facilitou muito esta integração no colaborativo.
Um dos pontos mais desafiadores neste tempo foi o estabelecimento dos protocolos de comunicação entre o controlador do servomotor da Festo e o robô. “Tivemos que fazer com que falassem o mesmo idioma e depurar as pequenas incertezas produzidas. Foi neste aspeto que a Festo nos ajudou mais”, indica Maxi Megías.
O responsável pelo departamento de I+D comenta que no mercado já existem aproximações ao que a Nutai fez neste projeto, mas acrescenta que “no nosso caso, a novidade está no aumento do número de eixos até 4 e o grau de integração que alcançamos, porque o produto vem com uma pré-configuração mínima que permite fazer tudo a partir do robô”. Neste sentido, a capacidade para conviver e integrar-se com outras tecnologias com versatilidade é uma das razões de ser dos robôs colaborativos da Universal Robots. A empresa conta com um ecossistema de hardware e software certificado, o ecossistema Universal Robots+, no qual terceiros podem contribuir com conhecimentos sobre um setor ou uma tecnologia concreta para completar a funcionalidade dos cobots e adequá-la às necessidades da instalação, para conseguir o máximo rendimento para o utilizador final.
A solução tem um amplo leque de usos. É adequada para pick and place ou paletização. Também para aplicações com dois eixos num armazém vertical. “São usos que abrangem desde a farmácia à indústria auxiliar do automóvel e, no geral, tudo o que tem a ver com a logística. Também podem ser incluídas em aplicações multieixo mais complexas”, afirma Maxi Megías. “Uma das vantagens desta solução é a facilidade de uso que oferece. O fato de ampliar as funcionalidades do cobot e que seja facilmente manipulável por um operário faz com que seja mais rentável graças à versatilidade que possui”, acrescenta Jordi Pelegrí, Country Manager para Espanha e Portugal da Universal Robots.
Nutai também fez testes de compatibilidade com diversas pinças da Festo, incluindo a pinça adaptável DHEF, inspirada na língua de um camaleão e os dedos adaptáveis DHAS, e obtiveram bons resultados na captura de diversas geometrias de produtos de parafarmácia. Nutai tem a intenção de certificar esta solução como Application Kit da Universal Robots+.
A certificação do produto está prevista para o primeiro semestre de 2021. O produto estará no mercado no final de 2020 ou início de 2021. Na Nutai, contempla-se o lançamento com boas perspetivas e há a confiança de que será vantajosa para todas as empresas envolvidas. Segundo Maxi Megías, “Universal Robots amplia o seu ecossistema e as possíveis aplicações do seu produto, e a Festo pode aprofundar-se no âmbito dos robôs colaborativos”.
“Pensamos na Festo para esta solução porque estava orientada para um elevado grau de aplicabilidade na indústria. Desde o início, construímos uma relação muito frutífera e profissional, com uma grande implicação de ambas as partes e 25 anos depois, acredito que a mantemos”, conclui Megías.